terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Novo Homem Vitruviano

Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci





O Novo Homem Vitruviano


Já agora, a título de curiosidade, podemos encontrar o seguinte texto no wikipédia:



"O Homem Vitruviano é um desenho famoso que acompanhava as notas que Leonardo da Vinci fez ao redor do ano 1490 num dos seus diários. Descreve uma figura masculina desnuda separadamente e simultaneamente em duas posições sobrepostas com os braços inscritos num círculo e num quadrado. A cabeça é calculada como sendo um oitavo da altura total. Às vezes, o desenho e o texto são chamados de Cânone das Proporções.
O desenho actualmente faz parte da colecção/coleção da Gallerie dell'Accademia (Galeria da Academia) em Veneza, Itália.
Examinando o desenho, pode ser notado que a combinação das posições dos braços e pernas formam quatro posturas diferentes. As posições com os braços em cruz e os pés são inscritas juntas no quadrado. Por outro lado, a posição superior dos braços e das pernas é inscrita no círculo. Isto ilustra o princípio que na mudança entre as duas posições, o centro aparente da figura parece se mover, mas de fato o umbigo da figura, que é o verdadeiro centro de gravidade, permanece imóvel.
O Homem Vitruviano é baseado numa famosa passagem do arquitecto/arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio na sua série de dez livros intitulados de De Architectura, um tratado de arquitetura em que, no terceiro livro, ele descreve as proporções do corpo humano:
Um palmo é a largura de quatro dedos;
Um pé é a largura de quatro palmos;
Um antebraço ou cúbito é a largura de seis palmos;
A altura de um homem é quatro antebraços (24 palmos);
Um passo é quatro antebraços;
A longitude dos braços estendidos de um homem é igual à altura dele;
A distância entre o nascimento do cabelo e o queixo é um décimo da altura de um homem;
A distância do topo da cabeça para o fundo do queixo é um oitavo da altura de um homem;
A distância do nascimento do cabelo para o topo do peito é um sétimo da altura de um homem;
A distância do topo da cabeça para os mamilos é um quarto da altura de um homem;
A largura máxima dos ombros é um quarto da altura de um homem;
A distância do cotovelo para o fim da mão é um quinto da altura de um homem;
A distância do cotovelo para a axila é um oitavo da altura de um homem;
A longitude da mão é um décimo da altura de um homem;
A distância do fundo do queixo para o nariz é um terço da longitude da face;
A distância do nascimento do cabelo para as sobrancelhas é um terço da longitude da face;
A altura da orelha é um terço da longitude da face.
Vitrúvio já havia tentado encaixar as proporções do corpo humano dentro da figura de um quadrado e um círculo, mas suas tentativas ficaram imperfeitas. Foi apenas com Leonardo que o encaixe saiu corretamente perfeito dentro dos padrões matemáticos esperados.
O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano no século XV por Leonardo e os outros é considerado uma das grandes realizações que conduzem ao Renascimento italiano.
O desenho também é considerado freqüentemente como um símbolo da simetria básica do corpo humano e, para extensão, para o universo como um todo. É interessante observar que a área total do círculo é identica 'a área total do quadrado e este desenho pode ser considerado um algoritmo matemático para calcular o valor do número irracional phi (=1,618). "


terça-feira, 11 de novembro de 2008

O que é ser Arquitecto?

(leitura não recomendada a menores)


- Trabalhar em horários estranhos (tal como as putas)

- Pagarem-nos para fazer o cliente feliz (tal como as putas)

- O cliente às vezes até paga muito, mas o nosso patrão fica com quase tudo (tal como as putas)

- O nosso trabalho vai sempre além do expediente (tal como as putas)

- Somos recompensados por realizar as ideias do cliente (tal como as putas)

- Os nossos amigos distanciam-se e só andamos com outros iguais a nós (tal como as putas)

- Quando vamos ao encontro do cliente temos que estar sempre apresentáveis (tal como as putas)

- Mas quando voltamos parecemos saídos do Inferno (tal como as putas)

- O cliente quer sempre pagar menos e que façamos maravilhas (tal como as putas)

- Quando nos perguntam em que é que trabalhamos, temos dificuldade em explicar (tal como as putas)

- Se as coisas dão errado é sempre culpa nossa (tal como as putas)

- Todos os dias ao acordar dizemos: 'NÃO VOU PASSAR O RESTO DA MINHAVIDA A FAZER ISTO' (tal como as putas)"


E no fim as putas ganham mais que os arquitectos!!!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

When architects get bored

Enviaram-me há dias um e-mail com um corte curioso... Deixo aqui a parte escrita..

When architects get bored



"A reader sent this through with the subject line, 'when architects get bored'
At first glimpse it looks like an everyday section. But look closer and you'll see someone has decided to put their design skills to mischievous use. 
Who do you think might have done it? My guess is a junior architectural assistant forced to fetch one too many cups of coffee….
 "

domingo, 3 de agosto de 2008

Como reconhecer um estudante de arquitectura

Eles tinham um projecto para fazer...

O Sr Niemeyer...

“Eu levei 15 arquitectos, mas levei um médico, levei 2 jornalistas, levei 5 amigos meus que estavam na merda e precisavam trabalhar...”

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ensinar arquitectura,Aprender arquitectura - 1996

Pessoas jovens chegam à universidade, querem ser arquitectos ou arquitectas, querem descobrir se têm as capacidades necessárias.
O que se lhes transmite primeiro?
Desde logo deve-se explicar que perante eles não têm nenhum professor que faz perguntas cuja resposta já sabe de antemão. Fazer arquitectura significa colocar questões a si próprio, significa aproximar-se, cercar, encontrar a própria resposta com o apoio do professor.
Vezes sem conta.
A força de um bom projecto encontra-se em nós e na capacidade de percebermos o mundo racional emotivamente. Um bom projecto arquitectónico é sensual. Um bom projecto arquitectónico é inteligente.
Todos nós vivemos a arquitectura, mesmo antes de conhecermos a palavra arquitectura e os estudantes devem aprender a trabalhar de forma consciente as suas experiências pessoais como base dos seus projectos.
A arquitectura é sempre uma matéria concreta. A arquitectura não é abstracta, mas sim real. Um esboço, um projecto, desenhado em papel, não é arquitectura, mas apenas uma representação mais ou menos imperfeita de arquitectura, comparável às notas da música. A música necessita da apresentação. A arquitectura precisa da execução. Então forma-se o corpo. E este é sempre sensual.
Pensar em imagens de forma associativa, selvagem, livre, ordenada e sistemática, em imagens arquitectónicas, espaciais, coloridas e sensuais – isto é a minha definição preferida do projectar. O pensar em imagens como método de projectar é o que gostava de transmitir aos estudantes.


Excerto de "Pensar a Arquitectura", de Peter Zumthor


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Visita 150


Chegamos à visita 150!!

Agradeço a todos os que visitaram o Blog até agora e espero que ele tenha contribuido de alguma forma para a formação arquitectónica de cada um e tenham usufruido dele da melhor maneira. 

Até este momento apenas tenho "postado" alguns excertos de textos que vão de encontro à temática deste Blog... O toque da matéria, a relação do Homem com os materiais, a sua interacção... A conceptualidade ao encontro do material..

Quanto às fotos, "postei" sobre arquitectura edificada na minha cidade e que aconselho a visitar!

Logo que seja possível, publicarei alguns textos de minha autoria e que espero que dêem o mote para comentários da vossa parte em relação às matérias abordadas.

Sem outro assunto, agradeço novamente as vossas visitas!!

 

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Incursões Diurnas - Parte I


O núcleo duro da beleza - 1991

Os meus colegas suíços Herzog & De Meuron dizem que nos nossos dias a arquitectura como um todo já não existe e, consequentemente deveria ser construída de forma artificial, por assim dizer na cabeça do criador.
Não quero prosseguir esta teoria da arquitectura como forma de pensamento destes arquitectos, mas sim da intuição subjacente à suposição de que já não existe a totalidade de uma obra no sentido tradicional da construção.
Eu ainda acredito na totalidade corporal auto-suficiente do objecto arquitectónico, se bem que não como um facto evidente, mas sim como um objectivo difícil embora indispensável ao meu trabalho.
Mas como é possível conseguir esta totalidade na arquitectura, num tempo em que um sentido divino falta e a realidade ameaça dissolver-se no devir das imagens e sinais?

Uma boa arquitectura deve hospedar o Homem, deixá-lo presenciar e habitar, e não tentar persuadir.
Interrogo-me muitas vezes porquê se tenta tão pouco o evidente, o difícil? Porque é que os jovens arquitectos demonstram tão pouca confiança nas coisas mais intrínsecas que constituem a arquitectura: o material, a construção, o carregar e ser carregado, a terra e o céu – a confiança nos espaços aos quais se permite serem verdadeiros espaços; espaços nos quais se cuida do invólucro, do material que o distingue, da concavidade, do vazio, da luz, ar, cheiro, da capacidade de absorção e ressonância?

Onde encontro a realidade à qual devo dirigir a minha imaginação, quando tento projectar um edifício para um determinado lugar e para um determinado objectivo?
Uma chave para a resposta a esta pergunta encontra-se nas palavras lugar e objectivo. Nós nunca nos encontramos num espaço abstracto, mas sempre num mundo real, mesmo quando pensamos. Heidegger diz-nos que: “A relação do homem para como os lugares e através dos lugares para com os espaços baseia-se no habitar”.
A realidade que me interessa e para a qual quero dirigir a minha imaginação, não é a realidade das teorias descoladas das coisas, mas sim essa outra que aponta para este Habitar; a da tarefa arquitectónica concreta. É a realidade dos materiais – pedra, tecido, aço, cabedal... – e a realidade das construções que utilizo para edificar, em cujas características tento penetrar com a minha imaginação, empenhado em encontrar sentido e sensualidade, para que possa, talvez, acender a faísca de uma obra bem sucedida, capaz de dar uma obra bem sucedida aos homens. A realidade da arquitectura é o concreto, o que se tornou forma, massa e espaço, o seu corpo. Não existe nenhuma ideia, excepto nas coisas.

Excerto de "Pensar a Arquitectura", de Peter Zumthor

sexta-feira, 21 de março de 2008

Vila do Conde

Plano da Marginal de Vila do Conde - Álvaro Siza




O estudo do arranjo da marginal foi elaborado em coordenação com o do sector Norte, projecto de Alcino Soutinho.

a) Construção do muro de suporte de limite da praia, em betão aparente; e recuperação de muro e escadaria existentes.

b) Execução de passeio e via para bicicletas.

c) Recuperação do revestimento vegetal das dunas.

d) Caminhos pedonais atravessando as dunas em calçada de granito.

e) Construção de parques de estacionamento.

f) Reformulação e pavimentação em betão betuminoso.

g) Reformulação da zona de implantação do obelisco existente.

h) Arranjo dos canteiros do passeio Nascente.

i) Arborização ao longo do parque de estacionamento.

j) Execução de todas as redes de infraestruturas.

k) Construção de equipamentos de praia.

l) Construção da piscina de água salgada.

m) Previsão de equipamentos a implantar nas dunas (Restaurante, Centro de Lazer e Bar, com respectivas instalações balneárias, incluindo Cafeteria e esplanada).

n) Campo de Futebol.

É nosso entendimento que o Campo de Futebol não deveria ser previsto na área da Intervenção. Verificando-se a obrigatoriedade da sua construção, sê-lo-á na zona menos penalizante para as dunas.


informação retirada de:
http://habitarportugal.arquitectos.pt/pt/projects/24.html

À procura da arquitectura perdida

Quando penso na arquitectura, ocorrem-me imagens, que estão relacionadas com a minha formação e trabalho como arquitecto. Outras imagens têm a ver com a minha infância, em que vivia a arquitectura sem pensar sobre isso. Ainda consigo sentir na minha mão a maçaneta da porta, esta peça de metal moldada como as costas de uma colher. Tocava nela quando entrava no jardim da tia e ainda hoje me parece um sinal especial de entrada num mundo de ambientes e cheiros diversos. Recordo o barulho do seixo sob os meus pés, o brilho suave da madeira de carvalho encerado nas escadas, oiço a porta de entrada pesada cair no trinco, corro ao longo do corredor sombrio e entro na cozinha, o único lugar realmente iluminado da casa.
Apenas esta sala, assim me parece hoje, tinha um tecto que não desaparecia na penumbra; e as pequenas peças hexagonais do chão, de encarnado escuro e com juntas bem preenchidas, opõem-se aos meus passos com uma dureza implacável. Do armário de cozinha irradia este estranho cheiro de tinta de óleo. Tudo nesta cozinha era como nas cozinhas tradicionais costumava ser. Não havia nada de especial nela. Mas talvez esteja tão presente na minha memória como síntese de uma cozinha precisamente por ser de uma forma quase natural apenas cozinha.
Quando estou a projectar, encontro-me frequentemente imerso em memórias antigas e meio esquecidas, e questiono-me: qual foi precisamente a natureza desta situação arquitectónica, o que significava na altura para mim e ao que é que poderei recorrer para ressuscitar esta atmosfera rica que parece saturada da presença natural das coisas, onde tudo tem o seu lugar e toma a sua forma certa?

Excerto de "Pensar a arquitectura", de Peter Zumthor