sexta-feira, 21 de março de 2008

Vila do Conde

Plano da Marginal de Vila do Conde - Álvaro Siza




O estudo do arranjo da marginal foi elaborado em coordenação com o do sector Norte, projecto de Alcino Soutinho.

a) Construção do muro de suporte de limite da praia, em betão aparente; e recuperação de muro e escadaria existentes.

b) Execução de passeio e via para bicicletas.

c) Recuperação do revestimento vegetal das dunas.

d) Caminhos pedonais atravessando as dunas em calçada de granito.

e) Construção de parques de estacionamento.

f) Reformulação e pavimentação em betão betuminoso.

g) Reformulação da zona de implantação do obelisco existente.

h) Arranjo dos canteiros do passeio Nascente.

i) Arborização ao longo do parque de estacionamento.

j) Execução de todas as redes de infraestruturas.

k) Construção de equipamentos de praia.

l) Construção da piscina de água salgada.

m) Previsão de equipamentos a implantar nas dunas (Restaurante, Centro de Lazer e Bar, com respectivas instalações balneárias, incluindo Cafeteria e esplanada).

n) Campo de Futebol.

É nosso entendimento que o Campo de Futebol não deveria ser previsto na área da Intervenção. Verificando-se a obrigatoriedade da sua construção, sê-lo-á na zona menos penalizante para as dunas.


informação retirada de:
http://habitarportugal.arquitectos.pt/pt/projects/24.html

À procura da arquitectura perdida

Quando penso na arquitectura, ocorrem-me imagens, que estão relacionadas com a minha formação e trabalho como arquitecto. Outras imagens têm a ver com a minha infância, em que vivia a arquitectura sem pensar sobre isso. Ainda consigo sentir na minha mão a maçaneta da porta, esta peça de metal moldada como as costas de uma colher. Tocava nela quando entrava no jardim da tia e ainda hoje me parece um sinal especial de entrada num mundo de ambientes e cheiros diversos. Recordo o barulho do seixo sob os meus pés, o brilho suave da madeira de carvalho encerado nas escadas, oiço a porta de entrada pesada cair no trinco, corro ao longo do corredor sombrio e entro na cozinha, o único lugar realmente iluminado da casa.
Apenas esta sala, assim me parece hoje, tinha um tecto que não desaparecia na penumbra; e as pequenas peças hexagonais do chão, de encarnado escuro e com juntas bem preenchidas, opõem-se aos meus passos com uma dureza implacável. Do armário de cozinha irradia este estranho cheiro de tinta de óleo. Tudo nesta cozinha era como nas cozinhas tradicionais costumava ser. Não havia nada de especial nela. Mas talvez esteja tão presente na minha memória como síntese de uma cozinha precisamente por ser de uma forma quase natural apenas cozinha.
Quando estou a projectar, encontro-me frequentemente imerso em memórias antigas e meio esquecidas, e questiono-me: qual foi precisamente a natureza desta situação arquitectónica, o que significava na altura para mim e ao que é que poderei recorrer para ressuscitar esta atmosfera rica que parece saturada da presença natural das coisas, onde tudo tem o seu lugar e toma a sua forma certa?

Excerto de "Pensar a arquitectura", de Peter Zumthor